Da Menarca à Menopausa: Ginecologia Natural, Yogaterapia Hormonal e o Ser Mulher na Cultura

A vida da mulher é marcada por ciclos.

TERAPIAS NATURAISTELECONSULTA

Bia Groppa & Carla Frumento

8/26/20256 min read

2 women in blue denim jeans and brown long sleeve shirt standing on green grass field
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Desde a primeira menstruação até o encerramento da fertilidade, passamos por transformações profundas no corpo, na mente e na forma como nos relacionamos com o mundo. Mas apesar de universais, esses processos ainda são cercados de tabus, silêncios e, muitas vezes, de falta de informação. Hoje vamos falar sobre três marcos do ciclo feminino — menarca, climatério/perimenopausa e menopausa — e como práticas como a ginecologia natural, a auto-observação e a yogaterapia hormonal podem nos ajudar a atravessar cada fase com mais consciência, saúde, autonomia e leveza de forma harmônica com o nosso corpo.

Menarca, Climatério e Menopausa: marcos do corpo feminino

Menarca é o nome dado à primeira menstruação. Ela marca o início da fase reprodutiva e costuma acontecer entre os 9 e os 15 anos, variando conforme fatores genéticos, nutricionais e de saúde. Mais do que um evento biológico, a menarca é também um rito de passagem: a menina torna-se cíclica, passa a viver sob o ritmo dos hormônios sexuais que regulam ovulação, menstruação e fertilidade. No entanto, em muitas culturas, esse momento é silenciado ou até mesmo vivido com vergonha, quando poderia ser celebrado como o nascimento de uma nova fase.

Já o climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva da vida da mulher. Ele começa alguns anos antes da menopausa e pode se estender até depois dela. Dentro do climatério está a perimenopausa, quando começam as oscilações hormonais mais intensas, geralmente a partir dos 40 anos. É comum sentir ondas de calor, alterações no sono, irritabilidade, secura vaginal e mudanças no ciclo menstrual.

Por fim, a menopausa é a última menstruação da mulher, diagnosticada após 12 meses consecutivos sem menstruar. A idade média da menopausa é em torno dos 50 anos. Tem estudos recentes que apontam que a partir dos 46 começa a transição e entra definitivamente por volta dos 48 anos. Ela não é uma “doença”, como muitas vezes se retratou, mas sim uma etapa natural da vida.

Ginecologia Natural e auto-observação

A ginecologia natural é uma abordagem que busca resgatar a autonomia da mulher sobre seu corpo e seus ciclos. Em vez de medicalizar cada sintoma ou desconforto, ela propõe o uso de práticas naturais, fitoterápicas, energéticas e de autocuidado para equilibrar a saúde ginecológica. Não significa negar a medicina convencional, mas sim ampliar as possibilidades de cuidado, colocando a mulher como protagonista.

Um dos pilares da ginecologia natural é a auto-observação. Isso inclui registrar o ciclo menstrual, perceber a textura do muco cervical, acompanhar as fases de maior energia ou introspecção, anotar sintomas físicos e emocionais. Com o tempo, esse mapeamento permite reconhecer padrões e compreender como os hormônios influenciam corpo e mente. É como ter um mapa interno, que ajuda a planejar a vida, prevenir doenças e buscar apoio de forma mais assertiva.

Yogaterapia Hormonal

A yogaterapia hormonal é uma solução natural dentro da linha do Yoga. elaborada pela professora Dinah Rodrigues, brasileira, especializada em yoga terapêutica. Essa técnica combina posturas específicas, exercícios respiratórios e técnicas de energia com o objetivo de estimular as glândulas responsáveis pela produção hormonal — como ovários, hipófise e tireoide - ativando a produção de estrógeno de forma natural, e atuando na raiz do problema.

Ao contrário de um yoga meramente contemplativo ou físico, a yogaterapia hormonal tem foco terapêutico. Seus exercícios são direcionados especialmente para mulheres em desequilíbrio hormonal, com sintomas de menopausa, TPM intensa, infertilidade ou síndrome dos ovários policísticos, por exemplo e . A prática pode ser adaptada para diferentes fases da vida e é sempre recomendada com orientação de um profissional capacitado.

Vale ressaltar que sempre indicamos o acompanhamento médico em todas essas fases da vida da mulher.

Como a ginecologia natural e o mapeamento dos ciclos ajudam no autoconhecimento?

Mapear o ciclo menstrual vai além de saber “quando vai descer”. É entender que cada fase traz características próprias:

  • Fase menstrual: convite ao recolhimento e à escuta interna.

  • Fase folicular: energia crescente, criatividade, abertura para novos projetos.

  • Ovulação: pico de vitalidade, comunicação e sociabilidade.

  • Fase lútea: introspecção, revisão, necessidade de limites.

Quando a mulher reconhece esses padrões, passa a respeitar mais o próprio corpo e suas necessidades. Isso reduz o sentimento de inadequação — o famoso “por que estou tão cansada/irritada hoje?” — e amplia a capacidade de se organizar no trabalho, nas relações e no cuidado pessoal.

A ginecologia natural, nesse contexto, funciona como um resgate da sabedoria ancestral. Nossas avós já conheciam ervas para cólicas, banhos de assento para inflamações, compressas para desconfortos. Trazer isso para o presente, aliado à ciência e à auto-observação, cria uma medicina integrativa e preventiva.

Benefícios da Yogaterapia Hormonal

Muitas pesquisas e relatos clínicos mostram os benefícios da yogaterapia hormonal para mulheres em diferentes fases:

  • Alívio de ondas de calor e suores noturnos.

  • Melhora do sono e da qualidade de descanso.

  • Redução da irritabilidade e ansiedade, equilibrando o sistema nervoso.

  • Aumento da libido e da disposição.

  • Diminuição de dores menstruais e sintomas de TPM.

  • Prevenção da osteoporose por estimular a vitalidade hormonal.

  • Melhora da fertilidade em mulheres que desejam engravidar.

Além dos efeitos físicos, há um impacto positivo na autoestima e na sensação de conexão com o próprio corpo. Ao praticar, muitas mulheres relatam que passam a sentir-se mais donas de si, mais confiantes e menos reféns das oscilações hormonais.

Ser mulher: aspectos sociais e culturais que afetam a saúde

Não podemos falar de saúde feminina sem olhar para as questões sociais e culturais. Ser mulher, em muitas sociedades, ainda significa carregar uma sobrecarga: cuidar da casa, dos filhos, dos pais, do trabalho, muitas vezes tudo ao mesmo tempo. Essa exigência constante leva ao esgotamento físico e emocional.

Outro ponto é a cobrança estética. Espera-se que a mulher esteja sempre jovem, bonita, magra e sorridente, como se envelhecer ou expressar raiva fosse proibido. No climatério e na menopausa, esse peso se intensifica, já que a sociedade tende a valorizar a mulher principalmente por sua fertilidade.

É nesse contexto que surgem sintomas como irritabilidade e raiva, que muitas vezes não têm apenas origem hormonal, mas também social. A raiva pode ser vista, então, como um alerta do corpo pedindo limites, descanso e mudança de dinâmica. Aprender a reconhecer esse sinal, em vez de reprimi-lo, é parte do processo de autocuidado. Esta fase pode ser resignificada considerando

Estabelecer limites claros — no trabalho, nas relações familiares e afetivas — é fundamental para preservar a saúde física e emocional. Isso não é egoísmo, é respeito por si mesma. Quando a mulher entende seu ciclo, se apoia em práticas como a yogaterapia hormonal e reconhece o contexto social que influencia seu bem-estar, ela ganha ferramentas para viver com mais equilíbrio e autenticidade.

Conclusão

Da menarca à menopausa, cada fase da vida da mulher traz desafios e aprendizados. O corpo muda, a mente se adapta, e a cultura ao redor influencia profundamente a forma como vivemos esses processos. Mas há caminhos de reconexão e cura: a ginecologia natural, a auto-observação e a yogaterapia hormonal são práticas que devolvem à mulher o protagonismo sobre sua saúde.

Mais do que lidar com sintomas, essas práticas nos ajudam a olhar para o feminino como potência, e não como limitação. Ao entender os ciclos, aliviar os desconfortos e estabelecer limites frente às pressões sociais, podemos viver nossa trajetória de forma mais consciente, plena e celebrada.

✨ E você, já observou seus ciclos ou experimentou alguma prática de yogaterapia hormonal? Como tem lidado com suas fases?

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Terapeuta Bia Groppa

Bailarina clássica, Geógrafa e Pedagoga, com especialização em Alfabetização e letramento e extensão em Terapias integrativa do feminino.

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Yogaterapeuta Carla Frumento

Instrutora de yoga com formação em yogaterapia com foco em yogaterapia hormonal, co-founder e CTO da Inntegrativa