A força da Presença: como cultivar saúde emocional todos os dias

Vivemos um paradoxo. Nunca tivemos tanta tecnologia prometendo facilitar a vida e liberar o nosso tempo. Nunca estivemos tão conectados, com acesso imediato a qualquer informação, ferramenta ou recurso. E, ainda assim, nunca estivemos tão cansados.

O curioso é que, em vez de usarmos a tecnologia para ganhar tempo para a contemplação, para a criatividade, fazemos exatamente o oposto: preenchemos cada minuto com mais tarefas.

Hoje, ter tempo livre parece sinônimo de atraso. Se você não está ocupado, se não tem a agenda lotada, parece que não está “produzindo o suficiente”.

Mas o que estamos realmente produzindo, se a pressa está destruindo nossa saúde emocional?

O falso progresso

O filósofo Byung-Chul Han descreve nossa época como a “sociedade do cansaço”: indivíduos transformados em máquinas de desempenho. A tecnologia, que poderia nos devolver tempo, acabou sendo usada para nos aprisionar ainda mais, e-mails que nunca cessam, notificações constantes, múltiplas telas abertas ao mesmo tempo.

Nesse fluxo acelerado, perdemos o essencial: a presença que alimenta a criatividade, a pausa que sustenta o pensamento crítico, o espaço de contemplação que devolve clareza e vitalidade. Sem presença vamos murchando, nos tornamos reativos, automáticos, desconectados de nós mesmos.

O que a ciência mostra

Francine Atalita explica que a presença não é apenas um conceito filosófico, mas uma prática que transforma literalmente o cérebro.

Por exemplo, estudos mostram que apenas 8 semanas de prática regular de atenção plena já são capazes de modificar estruturas cerebrais:

• o hipocampo: ligado à memória e aprendizado, aumenta de espessura

• a amígdala: associada ao medo e à ansiedade, reduz sua atividade.

“Traduzindo: quando cultivamos presença, treinamos o cérebro para reagir com menos estresse e mais clareza”, afirma Francine.

Em um mundo que glorifica o excesso, cultivar presença é recuperar a liberdade de escolher.

Observe a figura, ela te chama atenção?

Como ilustrado na figura, o exercício da atenção plena (presença no aqui e agora) está associado a um aumento da conectividade entre áreas do cérebro ligadas ao processamento da informação, ao aprendizado e à memória. Em linha com esse padrão visual, um estudo publicado na revista NeuroImage em 2012 por pesquisadores da Universidade de Berkeley descreveu mudanças funcionais que fortalecem as vias de comunicação neural nessas redes cognitivas, sugerindo um cérebro mais integrado e eficiente.

Essas adaptações neurofuncionais se refletem em benefícios amplamente relatados para a saúde e o bem‑estar, incluindo:

• Redução do estresse

• Redução da ansiedade

• Redução da depressão

• Melhora da atenção

• Melhoria da memória

• Melhora do sono

• Aumento da compaixão

• Aumento da empatia

Em termos práticos, o que a figura sintetiza é que, ao promover ligações mais robustas entre regiões cerebrais centrais para a cognição, o estado de presença pode sustentar tanto o desempenho mental (atenção e memória) quanto aspectos emocionais e sociais (compaixão e empatia). 🧠

O resgate da presença com Natureza e Mindfulness

Em tempos em que estar “ocupado” virou sinônimo de valor, esquecemos que precisamos de pausas reais — um tempo para reconectar com o mundo natural e conosco.

O mindfulness, prática de atenção plena, nos convida a estar inteiramente com o que existe: o ar, os sons, os cheiros, o movimento do entorno. Ele cria espaço para respirar, contemplar e sentir.

E a ciência comprova: passar 10 minutos ou mais por dia em contato com a natureza — mesmo que seja em um parque urbano ou simplesmente observando uma árvore — já reduz sintomas de estresse, melhora o humor e fortalece a clareza mental (Bettmann, 2024)

Saiba Mais!

BETTMANN, Joanna. Nature Exposure, Even as Little as 10 Minutes, is Likely to Yield Short-Term Benefits for Adults with Mental Illness: A Meta Analysis. Ecopsychology, 2024; v. 16, n. 3. Disponível em: https://doi.org/10.1089/eco.2023.0063. Acesso em: 27 set. 2025

E aqui vai uma provocação dela:

Observe agora como está sua respiração, relaxe a mandíbula, língua e região entre as sobrancelhas e reflita...

...se você não tem 10 minutos por dia para colocar os pés na Terra, sentir o sol no rosto e contemplar os pássaros, que tipo de vida você está vivendo?

Para Francine Atalita, presença é um ato de liberdade contra a lógica do desempenho. É o direito de ser em um mundo que insiste em nos reduzir a fazer.

Conheça o trabalho da nossa especialista

Francine Atatila

Mentora em realização pessoal e profissional. Formação em Inteligência espiritual aplicada ao desenvolvimento humano. Pós Graduada em Neurociência, psicologia positiva e mindfulness.